A creatina (ácido α-metil guanidino acético) é sintetizada pelo fígado, rins e pâncreas, a partir de unidade de aminoácidos: glicina, L-arginina e metionina (~1 g/dia), mas pode ser obtida pela dieta, através de alimentos como peixe, carne e outros produtos animais boas fontes de creatina (~1 g/dia) e de forma muito insignificante pode ser obtida em alguns vegetais, totalizando ~2g/dia. Cerca de 95% é armazenada no músculo esquelético, sendo que o restante situa-se no coração, músculos lisos, cérebro e testículos.

 

Recentemente, a creatina tem recebido considerável atenção na área médica, com estudos mostrando os benefícios da suplementação em pacientes com diversas doenças como atrofia muscular, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, como antioxidantes (interação do metabolismo da homocisteína e estresse oxidativo), além de ser um suplemento nutricional popular entre atletas, utilizado como recurso ergogênico com efeitos na saúde e performance física e sobre a composição corporal de praticantes de exercícios físicos.

 

Os efeitos da suplementação de creatina sobre a função renal são debatidos intensamente na literatura científica, alguns pesquisadores posicionam-se cautelosamente com desfeches de estudos de caso sugerindo danos à função renal, enquanto outros autores, através de estudos longitudinais, indicam a segurança da sua suplementação.

 

Diante de incertezas que permeiam o tema, Gualano et al (2008) realizou uma revisão a respeito dos efeitos da suplementação de creatina na função renal e não encontrou evidências sustentáveis de que essa substância possa apresentar riscos a homens saudáveis, no entanto, devem investigar sujeitos com doenças renais pré-existentes e com propensão à nefropatia. Recomenda-se a monitoração sistemática nesses consumidores, até que se ateste a segurança da suplementação nesses casos, inclusive em indivíduos com doenças cardiovasculares e metabólicas, como os diabéticos do tipo 2 por possuírem reconhecida propensão à nefropatia.

 

Para os benefícios encontrados por diversos autores de que a creatina pode causar aumento de síntese proteica, aumento de retenção hídrica, aumento de ressíntese de creatina fosfato, podendo levar, a hipertrofia muscular é recomendada como dose segura para sujeitos saudáveis e que não ultrapassem a quantidade de 5g/dia. Como qualquer outro suplemento alimentar, se utilizada de maneira correta, pode levar a ganhos significativos na performance, consulte seu nutricionista.

 

Gualano, Bruno, Ugrinowitsch, Carlos, Seguro, Antonio Carlos, & Lancha Junior, Antonio Herbert. (2008). A suplementação de creatina prejudica a função renal?. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 14(1), 68-73